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Opinião

Duarte Alves: "BCE reconhece que a inflação e aumento de preços é consequência dos lucros"

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Duarte Alves: "BCE reconhece que a inflação e aumento de preços é consequência dos lucros"

Depois de ouvir vários setores da sociedade, a Voz da Planície entrevista nesta quinta-feira, dia 30, Duarte Alves, economista, mestre em Economia e Políticas Públicas, comentador para esta área, que nos faz uma análise das novas medidas apresentadas pelo Governo.

Para este economista “é preciso percebemos se vai ser refletida a redução do IVA nos preços”. 

Mesmo que num momento inicial esta redução se verifique, alerta para a ausência de garantias de que os preços voltem a aumentar nestes seis meses em que a medida governamental durará, e que os seis por cento não voltem a ser incorporados nos preços finais pelas empresas de grande distribuição.

“Quando o primeiro-ministro diz que este acordo foi feito com base na boa-fé, e falamos de grandes distribuidoras como a Sonae e a Jerónimo Martins, não nos convence de que não possa haver um aproveitamento para incorporar esses seis por cento na margem dos supermercados”, refere.

Duarte Alves deixa o alerta para que, além da possibilidade anterior, finalizado o período da medida, os produtos vão voltar a ter IVA e logo, vão aumentar outra vez mais seis por cento.

Para Duarte Alves, “o que se impunha, neste momento, era o controlo dos preços, pois pudemos estar perante uma situação de transferência de recursos públicos do Estado para as empresas da grande distribuição, sem que isso se reflita verdadeiramente numa redução dos preços para os consumidores”.

O fundamental, destaca, “seria que o Governo assumisse, neste conjunto de bens essenciais, a disponibilidade de efetivar um controlo de preços”.

A questão dos salários e das pensões é outro tema levantado, nomeadamente pelo “contraste” que existe entre estes e os lucros dos grandes grupos económicos. Mesmo com o aumento de um por cento nos salários da função pública, que “continua a não corresponder ao aumento da inflação, não se recupera a perda de poder de compra que, em 2022, para os funcionários públicos, foi praticamente de um salário ao longo ano”.

No caso das pensões, a questão vai mais longe pois “continuam a levar com o corte que o Governo aplicou” com a entrega de meia pensão, “e não houve nenhuma medida para compensar a perda de poder de compra dos pensionistas, que é provavelmente quem mais sofre com problemas sociais e económicos”.

Para a economia do País, Duarte Alves sublinha que não havendo disponibilidade financeira das famílias, que se sentem cada vez mais empobrecidas, também não haverá consumo, nem desenvolvimento do mercado interno e logo da economia do País.

Nos lucros das grandes empresas esta medida não terá qualquer influência, pois as margens nada sofrerão, ficando “os lucros exatamente na mesma”.

Este economista refere que “o Banco Central Europeu (BCE) já veio dizer que esta espiral inflacionista vem dos lucros”. E deixa uma questão: “Se é o próprio BCE que reconhece que a inflação e o aumento de preços não vem dos salários mais sim dos lucros, do que é que está à espera o Governo para intervir sobre os lucros e aumentar os salários e as pensões?”

O Governo, salienta, “devia ouvir o que diz o BCE sobre a forma como os lucros estão a impulsionar a inflação”.

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