"Municípios e freguesias, o movimento associativo popular, escolas, politécnicos e universidades, grupos culturais, instituições como a União dos Resistentes Antifascistas Portugueses ou a Associação 25 de Abril, partidos políticos democráticos, assinalam com exposições, música, teatro, cinema, literatura e debates o cinquentenário da Revolução dos Cravos, considerada por muitos como um dos acontecimentos maiores do Portugal contemporâneo.
É fundamental celebrar Abril, lutar pela preservação da memória dos acontecimentos que, em 1974 e 1975, contribuíram então e nos anos seguintes para as transformações profundas do País e do seu relacionamento com outros Estados no mundo. E, deste modo, combater falsificações, manipulações e silenciamentos da História.
É importante transmitir às novas gerações o que foi a ditadura fascista e colonialista ao longo de 48 anos, um dos períodos mais sombrios de oito séculos de História de Portugal. É importante contar como o povo foi privado dos mais elementares direitos e liberdades, como os homens e as mulheres patriotas que ousaram resistir à opressão foram reprimidos, perseguidos, presos, mortos muitos deles, por lutarem pela liberdade e democracia e por melhores condições de vida e trabalho. É importante lembrar que o fascismo forçou milhares de portugueses à emigração – no país empobrecido, atrasado, obscuro não havia trabalho para todos – e impôs aos povos das colónias uma brutal opressão e exploração que culminou com 13 anos de guerra e milhares de vítimas.
E é importante recordar o que foi a Revolução de Abril, desencadeada pelo levantamento militar do Movimento das Forças Armadas e logo apoiada por um levantamento popular. E falar das conquistas revolucionárias – da instauração das liberdades democráticas fundamentais e dos direitos básicos dos cidadãos; da instauração da liberdade sindical e dos direitos laborais; do fim da guerra colonial e da contribuição para a independência dos povos africanos até então submetidos ao colonialismo português; da instituição de um regime de democracia parlamentar; da criação do poder local democrático; da Reforma Agrária e das nacionalizações de sectores fundamentais da economia do País; da consagração na lei da igualdade de direitos do homem e da mulher.
Hoje, num tempo em que lavram duas guerras, uma na Ucrânia e outra no Médio Oriente, que de um momento para outro podem alastrar, e em que forças de extrema-direita e fascistas ressurgem na Europa e no mundo, tão importante como celebrar os 50 anos da Revolução de Abril é continuar a defender os seus valores e a lutar pela sua concretização e consolidação – valores como a liberdade, a democracia, o desenvolvimento, a justiça social e, sobretudo, a paz."
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