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Opinião

"Intervir como sempre, para o que der e vier"

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"Intervir como sempre, para o que der e vier"

Foto: Rádio Voz da Planície de Beja

"Estamos confrontados com diversos desafios, que vão marcando o nosso presente e o nosso futuro, e com opções que estão a ser tomadas que têm origem ou não se desvinculam do passado", escreve José Maria Pós-de-Mina, consultor, na crónica de opinião que pode ler e ouvir aqui.

"Problemas como os que as trabalhadoras e os utentes do Lar da Cruz Vermelha em Beja enfrentam, não se desligam das razões que levaram os mineiros da Somincor a marcar uma greve que depois cancelaram para dar espaço a uma via negocial mas sem perderem de vista o objetivo principal, ou também a situação em que se encontram centenas de imigrantes, que será agravada com o que o governo agora anunciou. E podemos somar as dificuldades no setor da saúde a que o denominado Plano de Emergência da Saúde não dá resposta, o atraso na concretização das obras da segunda fase do Hospital Distrital de Beja e as declarações do Presidente da União das Misericórdias de que não faz sentido o funcionamento das urgências em Serpa durante 24 horas, isto após a Entidade Reguladora do Setor da Saúde se ter pronunciado nesse sentido.

E podemos acrescentar a decisão de certa forma indecisa (porque lhe falta clareza no caminho a seguir e nas responsabilidades a atribuir), sobre a localização do Novo Aeroporto de Lisboa em Alcochete, deixando à margem a possibilidade de aproveitamento do Aeroporto de Beja, utilizando todas as suas capacidades com o que isso contribuiria para o desenvolvimento da região e também para o País. Ocasião também para dar mais força e evidência à urgente necessidade de qualificação das vias rodoviárias, de melhoria e modernização da ferrovia, uma e outra complementadas com a disponibilização de mais transportes públicos e com uma ligação adequada rodovia-ferrovia-aeroporto.

Questões centrais para a vida de cada um dos portugueses e portuguesas como são as da necessidade imperiosa dos aumentos dos salários e das pensões e reformas, que até têm tomada algum espaço mediático no âmbito das campanhas eleitorais, e que depressa passam ao esquecimento, assumindo depois uma maior centralidade a questão fiscal, como engodo para disfarçar o que está mesmo na sua base que é acentuar os privilégios de poucos em detrimento de muitos e depois acrescentar argumentos para a falta de recursos públicos que deviam ser mobilizados para o reforço do Serviço Nacional de Saúde, para a Educação, para a Habitação, para o investimento público em geral e para a promoção do desenvolvimento económico e social.

E assim vamos andando, impondo-se uma atenção e intervenção redobrada dos que nunca se conformando com as desigualdades e injustiças, têm de continuar a intervir de forma quotidiana na luta pela melhoria das condições de vida das populações, na luta pela valorização do trabalho e do papel dos trabalhadores na produção de riqueza e na construção da sociedade, dos que não desistem da defesa dos direitos das crianças e pais, da luta pela mobilização e envolvimento da juventude e da sua generosidade e energia criadora, dos que mantêm firme a ideia de que os mais idosos merecem ser tratados com respeito e dignidade.

Tudo isto afirmando a confiança e a esperança de que se pode alargar a consciência e com isso a determinação e a vontade, que são necessárias para influenciar a mudança de políticas e uma rotura com as opções que têm tomado as forças políticas que nos têm governado cujo política é no fundamental contrária aos interesses dos trabalhadores e do povo e só a força destes e dos que os defendem consequentemente tem conseguido aqui ou ali introduzir algumas melhorias.

Mas é imperioso fazer muito mais. No País com um outro rumo para a política nacional que também passa pela afirmação da nossa soberania no contexto da União Europeia, pelo combate às imposições e constrangimentos que as estruturas que a dirigem impõem aos povos, preferindo a defesa dos interesses dos grandes que as dominam e pretendem continuar a dominar. Na região com a intervenção aos mais diversos níveis, chamando a atenção para que se concretizem os investimentos que têm vindo a ser sucessivamente adiados ou amputados do que é o essencial. Importa por isso nesta ocasião em que estamos quase a virar a página da primavera, estação que há 50 anos viu despontar os cravos de Abril, como símbolo da alegria, da liberdade, da transformação, da democracia, continuemos a lutar pela concretização das suas diversas dimensões: a democracia política, económica, social e cultural. Valorizando e afirmando sempre os ideias de Abril, reforçando as funções sociais do Estado, defendendo a Paz.

Por mais difícil que seja a situação, por maiores obstáculos que tenhamos que ultrapassar, os valores de Abril persistirão no nosso coração e guiarão a nossa ação. Cá estamos, a intervir como sempre, para o que der e vier."


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