O escritor moçambicano Mia Couto está em digressão pelo mundo para apresentar "A Espada e a Azagaia", o segundo livro da trilogia "As Areias do Imperador", onde trata os derradeiros dias do chamado Estado de Gaza, o  segundo maior império em África dirigido por um africano. Gungunhane foi o último dos imperadores que governou toda a metade Sul do território de Moçambique (finais do século XIX), tendo sido deportado para os Açores, onde viria a morrer, depois de derrotado pelas forças portuguesas comandadas por Mouzinho de Albuquerque.

Mia Couto viajou ontem até  Almodôvar, a convite do Escritas do Sul - Festival da Língua Portuguesa, onde o esperava  uma sala cheia para o ouvir falar desta obra, mas também de literatura em geral e da musicalidade dos seus textos, tema que viria a estar muito presente na sessão uma vez que  a moderação da conversa esteve a cargo do músico João Gil.

Em "A Espada e a Azagaia" Mia Couto cruza as duas versões da história contada por vencedores e vencidos. Um trabalho que obrigou o escritor a ir para o terreno em Moçambique e que também o levou aos Açores onde Gungunhane morreu no exílio.

Em Almodôvar, e em declarações aos jornalistas, Mia Couto fez ainda questão de referir que o Alentejo é a região portuguesa que mais lhe faz lembrar a sua África.

O Escritas do Sul - Festival de Língua Portuguesa termina este domingo, em Almodôvar, com a presença do escritor Pedro Chagas Freitas que vem  apresentar o livro "Prometo Perder", numa sessão agendada para as 17h30. Uma hora depois a Praça da República de Almodôvar assiste à estreia de mais um projeto musical construído propositadamente para este festival. "Cante Alentejano em Fusão com a Pop" é um espetáculo dirigido pelo músico Paulo Ribeiro e que contará com as atuações do coral Os Camponeses de Pias,  os Mainantes e Moços D'Uma Cana. 

O festival que celebra a língua portuguesa encerra à noite com Marco Rodrigues, num espetáculo de Fado e Dança, com inicio marcado para as 21h30, na Praça da República de Almodôvar.