A Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) segue as posições já tomadas pela Confederação dos Agricultores de Portugal e outras associações do setor, frisando que a decisão de extinguir as Direções Regionais de Agricultura integrando-as nas Comissões de Coordenação de Desenvolvimento Regional (CCDR) “foi tomada sem que tenha havido uma conversa prévia com os «homens da terra»”.

Rui Garrido, presidente da FAABA, realça que esta possibilidade é “reveladora da falta de peso político da atual ministra da Agricultura e do desinteresse do Governo por um setor tão importante para a região e País, enquanto garante de soberania alimentar e ocupação do espaço rural”.

Acrescenta, Rui Garrido, que “todas as associações devem manifestar-se contra esta situação”, remetendo, contudo, outras tomadas de posição para a reunião que acontece em Tomar, dias 24 e 25 deste mês, com vários representantes do setor.

"A FAABA considera que esta perspetiva a concretizar-se se traduzirá ainda mais na falta de apoio e menor proximidade para os agentes do território”, deixou claro, ainda, o presidente da Direção Rui Garrido.

São várias as associações que se manifestam contra a extinção das Direções Regionais de Agricultura e que dizem que a ministra que tutela o setor "parece concordar com esta decisão do Governo".

Em comunicado, a Cooperativa de Moura e Barrancos também se manifesta sobre esta decisão, considerando que vai “esvaziar ainda mais a importância estratégica e capacidade de decisão” do Ministério da Agricultura, recordando que a tutela do setor já tinha “perdido” a área das Florestas para o Ministério do Ambiente e competências da Direção-Geral da Alimentação e Veterinária.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) manifestou, igualmente, a sua “oposição total, frontal e determinada” à extinção das Direções Regionais de Agricultura, que considera ser “uma medida abusiva, absurda, antidemocrática e inaceitável” de “esvaziamento do Ministério da Agricultura”.

O mesmo já tinha feito a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) dizendo que a extinção destas direções regionais “será mais um passo para o fim do Ministério e para o abandono institucional” dos “homens da terra”.

A Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas (Confagri) contestou, igualmente, esta decisão defendendo que “não vai ao encontro da identidade, especificidade e proximidade” necessárias a esta atividade. Lusa/RVP

Rui Garrido, também presidente da ACOS - Associação de Agricultores do Sul, revelou à Voz da Planície as situações mais preocupantes com que os "homens da terra" do território se estão a confrontar, identificando os aumento dos fatores de produção e a escassez de recursos hídricos como as grandes questões do momento.

“No Alentejo, os agricultores que estão a enfrentar mais dificuldades são os que se dedicam à pecuária extensiva, os mais desprotegidos digamos assim, e confrontam-se com o aumento significativo dos fatores de produção, que esperam não ver subir mais do que até à data, especialmente o preço da ração, apesar de temerem que tal venha a acontecer com a continuação do conflito na Europa”, assegura Rui Garrido.

Rui Garrido identificou outra preocupação, a “escassez dos recursos hídricos. Apesar da chuva dos últimos dias ajudar ao nascimento das plantas, as barragens e outras charcas estão muito aquém do desejado, colocando em perigo as necessárias reservas de água para acautelar o regadio e o abeberamento do gado”, sustentou.