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Saúde Atualizada 10:29

Hospital de Beja: várias especialidades com “morte anunciada”

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Hospital de Beja: várias especialidades com “morte anunciada”


Quando se fala do Hospital de Beja os problemas “crónicos” sobressaem e desta vez foi o Beja Merece Mais (BMM) a denunciar, “velhos problemas”, dizendo que “está em alerta vermelho em vários serviços”. Há especialidades que já não existem, outras em risco de desaparecerem e ainda outras que quando os especialistas vão de férias não funcionam. A Voz da Planície ouviu, igualmente, a ULSBA e a Comissão de Utentes de Beja.

Segundo o BMM, citando fontes do Hospital, o “diagnóstico” é o seguinte: não há as especialidades de Otorrino, por reforma do médico - sendo os doentes referenciados para Évora ou Lisboa -, nem de Reumatologia e nem de Endocrinologia, que trata distúrbios hormonais e metabólicos.

Em vias de desaparecerem porque só têm um especialista e à beira da reforma estão: Urologia e Cirurgia Geral. No caso da cirurgia, a Voz da Planície deu conta, em outubro de 2020, que a formação nesta especialidade estava comprometida por falta de profissionais a partir de uma denuncia feita pelo SIM – Sindicato Independente dos Médicos.

Há, também, os casos em que, e igualmente por existir um número reduzido de especialistas, deixam de funcionar quando os profissionais vão de férias, tais como Cardiologia, Pneumologia, Hematologia e Neurologia.

Sem internamento e com diagnósticos por tarefeiros estão a Gastroenterologia e a parte Neonatal para prematuros com menos de 34 semanas de vida.

A Obstetrícia é outro dos serviços que “volta e meia” se recebem indicações que não está a funcionar e que o BMM diz ter um médico estrangeiro que até queria ficar, mas que pensa ir embora porque a mulher não arranja trabalho.

Quanto ao internamento são denunciadas as suas precaridades, com 25 camas na sua maioria, que justificam, segundo o movimento, a “urgência da ampliação do Hospital projetada, e reivindicada, há 40 anos”.

A ressonância magnética continua a não existir, já foi aberto mais um concurso e a ULSBA anunciou que se tudo correr bem, a cura pode chegar em 2022.

No que se refere às vagas de Formação Específica, ou seja, de Internato Médico para este ano, a diferença verificada entre Beja e Évora é enorme, nunca tendo sido tão desequilibrada, é referido, embora o BMM não avance com números.

Bruno Ferreira, do BMM, fala do impacto tremendo que esta situação numa região que têm carências a tantos níveis e agora mais estas e acrescenta que quando se pensou que o investimento poderia estar a ser pensado eis que se percebe exatamente o contrário. Refere mesmo que teme que o Hospital se transforme num “Centro de Saúde ou num Centro de Enfermagem”.

Para já o movimento está a chamar a atenção para o que se passa e promete que se vai reunir, no sentido de decidir como se pode influenciar a resolver este problema que parece não ter fim à vista, disse, ainda, Bruno Ferreira.

A verdade é que este não é um problema novo e que tem sido amplamente denunciado junto do Governo pelos deputados eleitos pelo distrito, os deputados do PCP fizeram vários requerimentos a denunciar esta situação e a pedir a sua resolução urgente. Esta foi uma matéria que levou até a uma reunião de autarcas inclusivamente. Mas as denuncias não se ficaram por aqui, recordamos que no final do ano de 2017, doze diretores do Hospital de Beja fizeram um “manifesto”, denunciando a “absoluta carência de médicos” nas especialidades de Pediatria, Obstetrícia, Anestesiologia, Radiologia, Cirurgia Geral e Ortopedia.

Em outubro de 2018, a Comissão Parlamentar de Saúde esteve dois dias em Beja para se inteirar dos problemas no Hospital e no distrito, a pedido do PCP. Nessa altura foi feito o diagnóstico da falta de médicos na ULSBA e revelado que mais de 50% estava a chegar à reforma ou em vias de.

A Voz da Planície questionou o Conselho de Administração da ULSBA e está a aguardar resposta sobre esta matéria.

A Voz da Planície falou, ainda, com a Comissão de Utentes de Beja. Formada em 2019, esta Comissão recorda que têm sido várias as chamadas de atenção desde então para esta matéria.

Uma petição, “Beja exige mais”, a denunciar e a exigir a resolução desta necessidade e outras, incluindo as obras da 2ª fase do Hospital de Beja, que até hoje não foram concretizadas. Marchas de protesto, uma vigília a denunciar esta matéria e outras relacionadas com a saúde também foram feitas, incluindo a última, antes da pandemia, a 2 de março de 2020 denunciando a “necessidade urgente de diversos especialistas”.

Em janeiro de 2020, recorda ainda a Comissão, foi feita uma abordagem direta à ministra da Saúde, Marta Temido, em Beja, à porta do Centro UNESCO, a requerer uma reunião para tratar destas questões e que até hoje não foi concretizada.

O BMM faz, entretanto, mais denúncias relativas ao Hospital de Beja desta vez sobre a gestão de serviços. Diz, entre outras matérias, que a Unidade de Esterilização está ao abandono, com equipamentos novos e avariados. Que o Hospital de Dia tem sistema de aquecimento e ventilação desligado e que os pacientes de oncologia, por exemplo, têm de estar por três e quatro horas a realizar os seus tratamentos embrulhados em mantas. O Raio X tem a UTA (Unidade de Tratamento de Ar) desligada. A Morgue apenas dispõe de AC (Ar Condicionado) doméstico. A Endoscopia tem a extração e a captação de ar instaladas, uma ao lado da outra. A Medicina do Trabalho raramente tem médico disponível. Alguns profissionais não vão ao serviço há mais de 4 anos o que já poderia ter resultado em multas ou sanções.



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