O investimento em causa, de 156,4 milhões de euros, a cargo de duas entidades, e que abrange uma área de 750 hectares na Serra do Paço, em Ferreira do Alentejo, poderá por em causa “uma das áreas mais ricas do Baixo Alentejo ao nível da conservação da natureza”, nomeadamente “uma zona de afloramentos rochosos dos Gabros de Beja, conhecida como serra do Paço, (também por serra do Mira), um conjunto de colinas (...) em que se atinge os 280 metros de altitude”, defende a associação ambientalista Zero.

José Paulo Martins, da Zero, em entrevista à Voz da Planície, explica as implicações, caso se avance com o projeto. Falamos de uma zona “riquíssima do ponto de vista natural, onde existe um conjunto de espécies raras, ameaçadas, portanto, de alto valor para a conservação”.

José Paulo Martins refere que esta zona foi considerada para ser integrada na Rede Natura 2000, mas tal acabou para não acontecer porque, no final dos anos 90, “os estudos foram muito pouco aprofundados”. No entretanto, “o conhecimento cientifico aumentou” e só recentemente se começaram a conhecer de forma mais completa “os valores botânicos em presença e que hoje se reconhecem como únicos, albergando espécies raras, endémicas, localizadas, ameaçadas ou em perigo de extinção (RELAPE), de alto valor para a conservação, estando contempladas na Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental”.

A Zero aponta ainda o dedo ao facto de não ter sido apresentada uma alternativa e sem alternativas efetivas, “a autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental não tem matéria para efetuar uma comparação entre as soluções”. Para a associação, a área da serra do Paço deveria merecer uma classificação enquanto área importante para a conservação da natureza.

A Zero reuniu, em março de 2021, com o Município e com a equipa técnica da empresa responsável pela produção da versão revista do Plano Diretor Municipal (PDM) de Ferreira do Alentejo, alertando para a importância da preservação da área remanescente da Serra do Paço.

*Com Lusa