A reunião do Conselho para o Acompanhamento do Regadio de Alqueva (CAR Alqueva) foi no passado dia 1. Depois deste encontro, os regantes afirmam que a EDIA “duplica as tarifas da água para rega, situação que condena a sua utilização para a grande maioria das culturas agrícolas, com consequências gravíssimas para o setor”. E acrescentam que “a viabilidade dos perímetros de rega confinantes, que estão ligados a Alqueva, fica em risco com esta proposta”.

A Federação Nacional de Regantes (FENAREG), considera que “quando não existe uma real limitação do recurso, também não existem razões objetivas para limitar o acesso à água” e lamenta que as organizações do setor, incluindo as de agricultores, não tenham sido “consultadas sobre os valores propostos para as utilizações de água das culturas”. Apela, ainda, à tutela que intervenha nesta matéria que “coloca em causa o sucesso de Alqueva, a economia de toda uma região e a agricultura ao nível nacional”.

Ilídio Martins, da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado, distrito de Setúbal, diz que com “este aumento é preciso pensar muito bem se os utilizadores da água de Alqueva vão conseguir pagar”, determinando esta questão a utilização futura “deste recurso”.

A Voz da Planície ouviu o presidente do Conselho de Administração da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA). José Pedro Salema confirmou que foi apresentado no CAR Alqueva a proposta de revisão do tarifário, frisando contudo, que “os preços da água de Alqueva praticados não são da responsabilidade da EDIA, mas sim de um despacho conjunto dos ministérios da Agricultura, Ambiente e Finanças”. Deixou claro que “ainda não há decisão quanto às novas tarifas e muito menos publicação do despacho que estabelecerá os novos tarifários”.

José Pedro Salema sublinha que o preço da água “subiu devido ao aumento do valor a pagar pela eletricidade” e que não “deveria ser uma surpresa esta situação”.

A Barragem de Alqueva vai abastecer 500 hectares de regadio em Villanueva del Fresno, Espanha, um perímetro de terra inaugurado recentemente pelo presidente do Governo Regional da Extremadura Espanhola, Guillermo Fernández, de acordo com a informação no site Sudoeste Portugal.

O presidente da EDIA, José Pedro Salema clarificou o assunto e afirmou que esta é uma situação “autorizada” pela empresa gestora do Alqueva. “Há uma série de captações na margem esquerda em território espanhol, e em território português, sob administração espanhola, que foram identificadas e estão autorizadas a retirar água do Alqueva. Houve até o reposicionamento de algumas captações que ficaram inundadas com o envolvente da albufeira, que foram reabilitadas para continuarem a trabalhar”.

“Esses assuntos”, continua, “são geridos pela CADC – Comissão de Acompanhamento da Convenção de Albufeira”, tal como a questão dos novos perímetros de rega. Salema assegurou que houve “intenções muito antigas já manifestadas por Espanha para fazer essa captação e estamos a trabalhar para ter essas situações todas regularizadas”.

Não sendo por isso “surpresa que existe captação espanhola do Alqueva e é intenção da EDIA garantir que todos pagam o tarifário devidamente”, clarificou o CEO.

Há, no entanto, “arestas por limar no âmbito dessas captações”, mas que estão a ser “definidas por esta comissão (CADC), entre os dois estados”, concluiu José Pedro Salema.

Os 500 hectares de rega consentidos pela entidade que gere o Alqueva, acarretou um investimento na ordem dos quatro milhões de euros, em que uma parte do valor, cerca de três milhões de euros, foi proveniente do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).