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Agricultura

Seca: "sem apoio à alimentação sangria de venda de animais vai continuar", dizem criadores

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Seca: "sem apoio à alimentação sangria de venda de animais vai continuar", dizem criadores

A situação de “seca severa e extrema” foi reconhecida no distrito de Beja, tal como nos de Évora, Portalegre, Faro, Setúbal e Santarém, por despacho assinado pela ministra da Agricultura. Mas os produtores agropecuários dizem que medidas de apoio, avançadas neste contexto, ficam aquém do esperado, faltam "apoios à alimentação".


Na primeira quinzena de abril, avança o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), aumentou para 78,2 por cento a área em Portugal continental em seca meteorológica. “As temperaturas acima do normal, associadas a uma precipitação muito abaixo da normalidade, em todo o território, provocaram uma diminuição significativa da percentagem de água no solo, tendo as regiões Nordeste, o Vale do Tejo e o Baixo Alentejo registado valores inferiores a 20 por cento em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas”, sublinha, também, o IPMA. Frisa, ainda, que houve um agravamento na região Sul, no que se refere à intensidade, “predominando as classes de seca severa a extrema”.

Esta é uma matéria que tem sido muito falada, nas últimas semanas, e que levou a tomadas de posição por parte da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) e da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), que pediram, à ministra da Agricultura medidas para “ajudar os produtores” e que se declare “situação de seca” em Portugal continental.

Os grupos parlamentares do Partido Comunista Português (PCP) e do Partido Social Democrata (PSD) entregaram, no parlamento, projetos de resolução a fazer as mesmas recomendações, que os agricultores, à tutela.

O Governo decretou, entretanto, no dia de ontem, em 40 por cento do território nacional, situação de "seca severa e extrema" e incluiu o distrito de Beja. Com esta declaração passou a ser permita a aplicação de um conjunto de medidas que carecem de aprovação da Comissão Europeia, como o pastoreio em áreas de pousio antes de 31 de julho, a flexibilização da alimentação dos animais em Modo de Produção Biológica, o alargamento do intervalo entre partos e da percentagem máxima de novilhas na intervenção PEPAC de pagamento à vaca em aleitamento.

Também no âmbito do Pedido Único, passa a ser possível que as terras em pousio sejam pastoreadas ou utilizadas para colheita, com exceção do milho, soja ou talhadia de curta rotação, e que, nas várias intervenções que preveem o encabeçamento mínimo de 0,2 Cabeças normais/ha, seja permitido o valor de 0,1 CN/ha de superfície forrageira.

Com mais uma Feira de Garvão à porta, ouvimos Nuno Faustino, da Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA) - coorganizador do certame com a Câmara de Ourique onde a rainha é a vaca Garvonesa - que deixa claro que já se fazem sentir a “falta de pastagens no campo, sobretudo para ruminantes e mesmo para o Porco Alentejano que, numa fase de recria, ingere erva (inverno-primavera)”.

“Atualmente, as reservas de alimentos para a pecuária são escassas ou quase nulas e a possibilidade de encontrar palha ou feno no mercado é extremamente difícil e com preços bastante altos. Isto, associado ao custo das rações, está a levar muitos agricultores a reduzir ou mesmo a acabar com os seus efetivos pecuários. Tal como no ano passado, os fatores de produção mantêm preços extremamente elevados”, reitera Nuno Faustino, sublinhando que continuam a faltar os "apoios à alimentação". 

Para Nuno Faustino, esta mistura de "seca e de falta de apoios à produção animal" faz com que "a sangria de venda de efetivos prossiga, podendo chegar aos 50 por cento nos bovinos e ovinos". Acrescenta que alguns dos aspetos "são positivos mas ficam, contudo, aquém do esperado" e depois, disse, já "deveriam ter sido implementados há muito pois não onera o orçamento do Estado".

“A não chover, tudo se complicará, não só a questão da alimentação animal que está já em risco, mas também o seu abeberamento, pois, os lençóis freáticos que alimentam furos, poderão não estar recarregados para dar esta resposta”, salientou, também, Nuno Faustino. 

“Sem chuva, as reservas hídricas para o regadio também apresentam problemas. Os casos mais dramáticos são a bacia do Sado e do Mira, com as barragens do Monte da Rocha e Campilhas praticamente ao nível do volume morto e a de Santa Clara já há três anos abaixo deste nível. A Associação de Beneficiários de Campilhas e Alto Sado viu-se obrigada a duplicar o preço da água na presente campanha, aos poucos agricultores que podem regar, para tentar evitar a sua falência, uma vez que a água provém exclusivamente do Alqueva. No caso das Associações de Beneficiários do Roxo e de Odivelas, os preços da água já vêm sendo ajustados há mais tempo, sendo que a atual campanha de rega – tal como tem acontecido nos últimos anos – também dependerá quase exclusivamente da água proveniente do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (EFMA) - e a situação da Associação de Beneficiários do Mira merece particular atenção”, pode ler-se no Agroportal.

Para os agricultores, em geral, as expetativas não são animadoras estão a prever um ano “ainda pior” do que o de 2021.







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