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Ambiente Entrevista

"Alqueva tem a sorte de estar numa situação confortável"

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"Alqueva tem a sorte de estar numa situação confortável"

Apesar da situação de seca que o País enfrenta, a barragem de Alqueva continua a ser um "oásis" no Alentejo, estando neste momento a utilizar água de fevereiro de 2021, revelou José Pedro Salema, presidente do Conselho de Administração da EDIA.


Neste momento, e segundo previsões oficiais, 34% do País está em seca severa e 66% está em seca extrema. No entanto, há 20 anos, que este “oásis no Alentejo” assume particular importância, levando água à casa de 250 mil alentejanos e rega a cerca de 130 mil hectares de terra. 

Houve alturas em que o modelo de construção da barragem do Alqueva foi questionado, porém, nos dias que correm, perante os períodos de seca que o território tem enfrentado, pode dizer-se que o facto de ser uma grande reservatório permite receber as águas das chuvas, retê-las e ficar com capacidade, durante longos períodos sem precipitação, para regar e abastecer as populações.

Em entrevista à Voz da Planície, José Pedro Salema, presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva (EDIA), falou sobre o ponto de situação em que se encontra a barragem, nestes dias em que a seca é um tema que está na ordem do dia. 

Como estão as reservas de água no Alqueva este ano?

O Alqueva tem a sorte de estar numa situação muito confortável e não é por acaso. De facto é a maior barragem em Portugal, a maior barragem da Europa, em volume e em área, e por tanto é por ser uma barragem destas dimensões que consegue armazenar água quando ela existe.

No ano passado houve afluências muito significativas e hoje Alqueva está a viver com a água que chegou em fevereiro de 2021. A água que chegou naquele mês é suficiente para dois anos de funcionamento de Alqueva. Esta é a maneira de funcionar das barragens, no fundo guardam água quando existe, para poder utilizar quando não existe.

Hoje estamos a viver momentos de baixíssimas afluências. Se formos olhar para o caudal que está a chegar de Espanha neste verão, vemos que são muito baixos e óbvio que gostaríamos que fossem mais altos. Ainda assim, se as afluências fossem zero, o Alqueva estaria bem nesta campanha e na próxima, sem qualquer problema. É a vantagem de ter um grande reservatório.

Ao nível de irrigação da água, qual o ponto de situação?

Alqueva está a regar mais de 120 mil hectares. Nós temos 130 mil hectares equipados e estamos a regar praticamente essa área na totalidade.

A principal cultura é a oliveira, para produção de azeite, que ocupa cerca de 60% da área.

A segunda cultura já é a amendoeira, que ocupa mais de 20 mil hectares. Temos ainda a vinha e o milho como principais culturas.

A zona de Alqueva é hoje um epicentro agrícola nacional. Há aqui uma dinâmica muito grande, projetos de grandes dimensões, grupos multinacionais a funcionar nesta área, há a agroindústria que se começa a desenvolver, para além daquela que já tínhamos associada ao vinho e ao azeite, começamos a ter agro industria associada à amêndoa, às frutas e ambicionamos ter agro industria associada à horticultura.

A seca vivida atualmente na Espanha pode ter impacto na barragem da Alqueva?

Claro que se o rio deixar de correr a barragem vai deixar de encher. Nós temos que pensar é que não há apenas uma linha de água, há muitas linhas de água.

A chuva não tem de cair, e nunca cai uniformemente sobre todo o território. Como há uma bacia hidrográfica, por tanto, uma área muito grande dominada por Alqueva, há uma maior probabilidade de conseguirmos captar alguma dessa chuva e retê-la em Alqueva.

Naturalmente que a seca preocupa-nos, mas temos já desenhado um plano de contingência que, no fundo tem vários níveis de restrição crescentes, em função da diminuição do armazenamento na albufeira, para nos preparar para uma situação mais gravosa do que aquela que temos hoje.

Estamos muito longe de ter restrições severas porque o armazenamento na albufeira é perfeitamente confortável.

Alqueva continua a ser um “oásis no Alentejo” em tempos de seca?

O Alqueva é um oásis porque tem tido garantia de abastecimento de água.

Essa garantia deriva da capacidade de armazenamento, por tanto do facto de ter um grande reservatório.

Quando comparamos com outros sistemas mais pequenos, que hoje estão nas notícias, estão a sofrer porque não têm água suficiente e têm de por em causa as suas campanhas de rega, vemos a vantagem de ter um sistema com esta dimensão e este grau de interligação.

Que medidas defende para continuarmos a preservar água e mitigar os efeitos da seca que se vive em Portugal?

Temos que continuar o caminho da eficiência, garantir que utilizamos cada gota de água, que cada gota chega ao destino e não se perde pelo caminho.

A eficiência é um desígnio obrigatório.

É preciso encontrar soluções de mais armazenamento, principalmente a jusante de Alqueva para assegurar caudais ecológicos.

Eventualmente noutras regiões, principalmente mais perto do mar, no Algarve e Sudoeste, pensar em fontes alternativas de água. Refiro-me à dessalinização, que tem vantagens, custos elevados, mas que para algumas utilizações, nomeadamente para abastecimento público poderá ser um alternativa extremamente interessante.


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